Drogas: um jovem alerta
Neste artigo, damos a palavra a um jovem de 28 anos vítima das drogas e hoje “sóbrio em recuperação”, como ele mesmo se define. Seu depoimento pode ajudar a muitas pessoas. A ele nossa profunda gratidão.
Nosso jovem nasceu em uma pequena cidade do interior deste imenso Brasil e teve uma infância com amor, carinho e presentes materiais dos pais, tios, avós e também da babá (seus pais trabalhavam fora o dia todo). Tudo parecia tranquilo, embora o pai fosse impaciente e o castigasse com agressões. Na fase escolar, nenhuma grande novidade: no início, falta de interesse, mas depois tudo passou a ser normal, vieram boas notas assomadas ao carinho e ao zelo das professoras e cuidadoras.
Aos 10 anos, alguns fatos começam a chamar a atenção: o gosto pelo cheiro da fumaça de cigarro e o prazer em ingerir pequenos goles de bebidas alcoólicas. Aos 14, nosso já adolescente conheceu a maconha; aos 15, a cocaína e os inalantes; aos 16, o LSD e o ecstasy; por fim, aos 17, o crack. Quem lhe apresentou tudo isso? – Ele mesmo nos dá a resposta: “amigos que andavam de bicicleta comigo e conhecidos da rua”.
Sua primeira alteração por drogas ilícitas (o álcool e o fumo também são drogas, mas tidas como lícitas ou legalizadas) se deu com a maconha e a sensação, segundo ele, foi boa: “me causou relaxamento, alívio, felicidade, sensação de que todos os problemas tinham acabado, dei muita risada e me causou muita fome depois”. Que semelhança há entre todas essas drogas? – Em intensidades diferentes, é óbvio, “todas elas causam dependência e alteram o humor”, diz o jovem que, hoje, apenas fuma cigarro. Um vício adquirido aos 14 anos e que, diariamente, o subjuga.
Não seria preciso descrever a coleção de fracassos na vida pessoal e profissional desse rapaz “sóbrio em recuperação”. Todavia, para frisar o quadro nebuloso, demos-lhe, uma vez mais, a palavra: “Minha trajetória se resume a alguns poucos trabalhos e tentativas de cursar o ensino superior que abandonei por três vezes… As drogas tiveram boa influência nisso tudo… Namorei por anos e hoje me encontro em um novo namoro… Recomeçando”. Mais: com o passar do tempo, as drogas que antes pareciam não lhe fazer mal, “tornaram-se uma prisão, demorei para ver saídas, fiquei refém das substâncias químicas para fazer tudo no meu dia a dia, até não ter mais ânimo para nada”.
O depoimento continua: “As drogas ainda não afetaram meu cognitivo, mas já causaram problemas físicos. Uma cirurgia no pulmão, cansaço e má respiração quando faço atividades físicas. Consequências do cigarro. Há também, no plano psicológico, dificuldades em lidar com sentimentos e emoções”, pois as drogas estão ligadas a “crises existenciais”.
E para sair de tudo isso? – Há, de acordo com o jovem, inúmeros tratamentos que, basicamente, se resumem à desintoxicação, à conscientização e à prevenção à recaída. Contudo, “o principal é a pessoa ter o real desejo de mudança e buscar ferramentas, pois é uma doença multifatorial e não existe uma fórmula pronta para todos os casos. Cada um deve construir sua rede de intervenção de acordo com suas necessidades particulares”. Cabe aqui um destaque nosso: o usuário de drogas – aceite ou não – é portador de uma doença. Deve, portanto, ser tratado de modo correto e sua família também apoiada. Neste segundo ponto, o Amor-Exigente (AE) muito pode ajudar.
Por fim, o jovem de 28 anos – que já passou por 29 internações em clínicas de recuperação – afirma que as drogas “são prazerosas no começo, mas depois acabam com a sua vida. Então, não vale a pena jogar sua vida fora por prazeres imediatos”. No entanto, a quem já caiu ou se afundou nesse submundo resta um consolo esperançoso: “Cada ser humano tem de aprender com seus erros, dar mais valor à família e também perceber que existem coisas muito prazerosas no mundo… bem melhores do que a mera ilusão provocada pelas drogas. Pense que, no futuro, não existirá um usuário de drogas como ser humano bem-sucedido”.”
Reflitamos e divulguemos o forte alerta desse jovem “sóbrio em recuperação”!