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Anderson Torres é preso pela Polícia Federal

A Polícia Federal prendeu o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal (DF) Anderson Torres após sua chegada ao Brasil na manhã deste sábado (14). Torres estava em viagem aos Estados Unidos quando teve a prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O avião pousou por volta de 7h20 no Aeroporto Internacional de Brasília. De acordo com apuração da CNN, Torres foi o primeiro a descer do avião e um delegado da PF o recebeu.

Inicialmente, eles seguiram para o hangar da PF e, em seguida, para a Superintendência da Polícia Federal do DF.

A expectativa é que Torres preste depoimento neste sábado (14), mas antes ele está reunido com sua equipe de advogados.

A defesa do ex-ministro é feita por um pool de advogados liderados por Rodrigo Roca. Ele já advogou para o ex-governador do Rio Sergio Cabral e para o senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ).

Roca também assessorou Torres na Justiça. Além dele, o ex-senador Demóstenes Torres também integra o time.

Investigações

A investigação contra Torres se deve aos ataques às sedes do Congresso, do STF e ao Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro. Como secretário de Segurança do Distrito Federal — cargo ao qual foi exonerado no mesmo dia –, Torres era o responsável pela segurança da Esplanada dos Ministérios na data.

A acusação cita conivência e omissão na situação. E destaca que não houve um esquema capaz de proteger os Poderes contra os ataques, mesmo com a informação de que eles poderiam ocorrer.

“As omissões do Secretário de Segurança Pública e do Comandante Geral da Polícia Militar, detalhadamente narradas na representação da autoridade policial, verificadas, notadamente no que diz respeito à falta da devida preparação para os atos criminosos e terroristas anunciados, revelam a necessidade de garantia da ordem pública”, afirma Moraes na decisão que determinou a prisão de Torres.

O ministro do STF também ressalta a entrada de 100 ônibus fretados em Brasília “sem qualquer acompanhamento policial, mesmo sendo fato notório que praticariam atos violentos e antidemocráticos”.

Como resultado, ainda no domingo (8), a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu ao STF a prisão do ex-secretário.

Próximos passos

A princípio, Anderson Torres deve seguir para uma delegacia da corporação no aeroporto, onde pode optar por falar ou se manter calado.

Logo depois, o ex-ministro deve passar por exame de corpo de delito, como manda a lei antes do encaminhamento à prisão.

Então, Torres seguirá para a carceragem. No entanto, a PF não informou para qual prédio ele seguirá após o exame.

A PF conta com dois prédios em Brasília: o da Superintendência, no Setor de Polícia, e a Sede administrativa, perto do Setor Hoteleiro Norte, na região central da cidade.

Torres não ficará no mesmo local onde estão os presos comuns, por ser delegado federal e pelo histórico de cargos relacionados a segurança pública, a fim de proteger sua integridade.

Minuta para alterar eleições

Na quinta-feira (12), a Polícia Federal (PF) divulgou que encontrou na casa de Anderson Torres uma minuta (proposta) para um decreto para que o Bolsonaro instaurasse “estado de defesa”, visando alterar o resultado das eleições presidenciais.

O ex-ministro Anderson Torres e o ex-presidente Jair Bolsonaro, em junho de 2022 (Foto: Evaristo Sá/ AFP)

A minuta está com a data em branco e com o nome do presidente Jair Bolsonaro. Ela não está assinada e nunca chegou a virar decreto oficial.

A proposta diz que decreta:

Estado de Defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília, Distrito Federal, com o objetivo de garantir a preservação ou o pronto restabelecimento da lisura e correção do processo eleitoral presidencial do ano de 2022, no que pertine [sic] à sua conformidade e legalidade, as quais, uma vez descumpridas ou não observadas, representam grave ameaça à ordem pública e a paz social“.

Além disso, a minuta também prevê a suspensão do sigilo de comunicações dos membros do TSE e que eles não poderiam frequentar as dependências do prédio.

O que diz Torres

No início de segunda-feira (9), logo após ter sido exonerado do cargo de secretário, Anderson Torres publicou um pronunciamento pelo Twitter. Ele disse que foi “surpreendido pelas lamentáveis cenas” em Brasília durante seu “segundo dia de férias”.

Já sobre o documento que a Polícia Federal encontrou em sua casa, o ex-ministro ressaltou que havia na casa dele “uma pilha de documentos para descarte, onde muito provavelmente o material descrito na reportagem foi encontrado”.

Tudo seria levado para ser triturado oportunamente no MJSP. O citado documento foi apanhado quando eu não estava lá e vazado fora de contexto, ajudando a alimentar narrativas falaciosas contra mim”, destaca.

Com informações da CNN e BBC Brasil

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