O Mundo Virtual não é real!
É com sentimento de frustração que inicio este artigo, e relato:
Eu já aguardava na sala de espera do consultório odontológico, quando, observo adentrar uma mulher muito jovem acompanhada de seu filho com aproximadamente 10 anos.
Ela vai até o balcão de atendimento e o garoto segue em linha reta. Com a cabeça baixa, atento ao movimento do celular, senta-se na primeira cadeira disponível, sem, contudo, olhar para os lados…
Sua mãe depois de resolver a burocracia com a recepcionista, senta-se ao lado da criança. Ela ainda está alheia, absorta, indiferente ao mundo externo, compenetrado apenas em seu aparelho celular.
A mãe por sua vez, senta-se, abre a bolsa, saca seu aparelho celular e também passa a manuseá-lo. Não trocam nenhuma palavra, nenhum olhar, nenhum toque, nada!
O tempo passa, cerca de 15 minutos depois fui chamado para adentrar ao consultório. A cena era a mesma, nada mudou e eu fiquei ali a observar o exemplo a não ser seguido da relação que devemos ter com nossos filhos, nossos pais, netos e familiares.
Ilusão
O que podemos observar nesta cena tão corriqueira e cotidiana por vezes dentro de nossas casas, salas, quartos, veículos e afins, é que estamos em um nível de êxtase total por esse minúsculo aparelho, estamos conectados com quem está longe e deixando escapar quem está perto.
Não importa o que aquele garoto fazia em seu aparelho, não era real, o mundo virtual não é real.
Embora aparentemente fosse um jogo, ele estava intensamente envolvido naquele mundo, que nada mais fazia sentido fora daquele universo. Nem mesmo a presença física de sua mãe, que por sua vez, estreitava os relacionamentos com entes queridos e amigos distantes, e não usufruía da companhia física e real do filho que estava ali, ao seu lado, tão próximo e tão distante.
É obvio que não tenho a intenção, e nem vou tentar negar, a importância e os benefícios dos aparelhos, da internet, dos smartphones, das redes sociais, etc.
Seria um retrocesso total, e claro que a evolução sempre foi o objetivo do homem moderno, esse é um caminho sem volta, poderíamos parafrasear: “Para o futuro e avante”!
O preço
Mas qual o preço do avanço se você não impuser seus próprios limites à educação dos filhos e terceirizar para um aparelho “online”?
Quantas crianças vemos sendo educadas pelos aparelhos nas mesas de restaurantes, nos supermercados e locais públicos onde as crianças estão à disposição do aparelho e não o contrário?
Quantos parques, parquinhos e áreas de brincadeiras estão vazios enquanto as áreas comuns de pontos de Wi-Fi estão lotadas?
O que estamos fazendo com nossas crianças?
Precisamos usar sim nossos aparelhos com chamadas de vídeo para nos aproximar dos familiares que não estão presentes, trocar mensagens e manter um elo de carinho e amor, mas não podemos perder o elo e contato físico com aqueles que estão ao nosso lado.
Nosso aparelho pode até ser imprescindível nos dias atuais ou ainda uma babá perfeita, mas precisamos cuidarmos para que não venha a ser um vilão. Ele não nos aproxima só do bem ou pessoas boas, mas muitas vezes nos escancara o mal e pessoas mal intencionadas.
Isso inclusive para nós adultos, quantas armadilhas e artimanhas escondidas nas entrelinhas da minúscula tela.
Para os jovens, fica o sentimento de que a vida do amigo próximo ou distante sempre é bela e perfeita, sem problemas e atropelos.
Ledo engano, pois a mesma tela que engana crianças, pais e avós, também apresenta a farsa da vida alheia perfeita.
Não é real!
O vida virtual NÃO É REAL, não se encante em demasia com ela. O provedor deste perfil só edita o que lhe convém, logo aquele sorriso escancarado e virtual não é o sorriso real.
Aproveite mais as pessoas fisicamente que estão a seu lado. Não deixe este minúsculo e sorrateiro mundo virtual agir como vilão e levar de você o que tem de mais importante “a companhia, a existência, a presença, o calor humano”.
Vamos brindar ao que é vivido e não compartilhado.